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"Dreams fly when freed by the sea" Sonhos voam quando libertos pelo mar…

…”Mas a realidade é geralmente ‘mais rápida’ e as vezes mais dura”, foi o que li hoje num e-mail que recebi de um senhor alemão que conheci quando sentava num banco de frente para o mar, pensando na vida (na verdade pensando onde iria dormir aquela noite já que o albergue que tentei ficar em Fort Lauderdale estava lotado). Eu tinha minha bicicleta com todas as minhas tralhas amarradas quando ele me perguntou se eu estava pedalando pela Flórida. E aí começamos a conversar. Como tantas pessoas que tenho conhecido nessa viagem, parecia mais um encontro isolado, mas aos poucos tenho aprendido o que Flávio Siqueira tem tentado mostrar em seu blog:  “Cada encontro humano é uma oportunidade única para, ao enxergarmos o próximo, nos enxergarmos também.” Vinzenz, o alemão, também tem percebido isso, principalmente depois de recentemente perder a esposa com câncer.  Ele me escreveu: “The last days of my stay in Florida have come. I’ve been here for over 6 weeks and I was glad to have a wonderful time – on the beach, on the “Oasis of the Seas” and with my family. Especially to get to know a lot of nice people – that enriched  the pages of my inner facebook, that everyone of us has got inside his brains, his heart or whereever it may be.” 
Traduzindo: “Os últimos dias da minha estadia aqui na Flórida chegaram. Estive aqui por 6 semanas e estou feliz por ter tido uma maravilhosa estadia – no banco, no Oásis do Mar, e com a minha família. Especialmente por ter conhecido um monte de pessoas bacanas – que enriqueceram o meu facebook interior, que todo mundo tem dentro de si, no cérebro, coração ou onde quer que seja.” No mesmo e-mail, ele me contou um pouco das pessoas que conheceu, incluindo uma família de chineses, cujo menino de 15 anos o disse que “o método de julgar se uma pessoa está envelhecendo é observar o quanto ela ainda é interessada por coisas novas”. Não sei se é um provérbio chinês, mas veio da China e faz todo o sentido! 

Acabei lembrando de um outro encontro: Mais ou menos três anos atrás estava num voo de Dallas a Seattle e sentei ao lado de um brasileiro que quando eu disse que era de BH me contou que seu avô acabava de trabalhar no projeto da sede do Governo de Minas. Me falou com todo o carinho do avô de mais de 100 anos que não parecia envelhecer. Continuava trabalhando e buscando coisas novas, como aprender grego por exemplo. Seu avô? Oscar Niemeyer!  Bob Hoover, é outro velhinho de quem sou fã. Famoso piloto americano que foi abatido na segunda guerra mundial e feito refém e preso pelos alemães. Ele acabou conseguindo escapar da prisão 16 meses depois e roubou um avião pra fugir pra Holanda. Aos 90 anos tive a oportunidade de ve-lo em pessoa ainda esbanjando simpatia, em Oshkosh, WI, e também em Reno, NV. Mas são as pessoas “anônimas” que vou conhecendo nas viagens, que têm sido meus verdadeiros professores e com quem estou vivendo na prática a lição de que tudo acontece por uma razão. 

Eu nunca imaginei que ficar agarrado na Flórida me traria experiências e encontros tão fantásticos. Nasci e cresci em Minas e apesar das férias na praia, nunca passei tanto tempo ao lado do oceano, admirando-o. Outro dia eu estava com os olhos fixos no horizonte, no ponto onde, de nossa perspectiva, o mar (que era azul-esverdeado) se encontrava com o céu. Esse ponto, ou melhor, essa linha pode ter vários significados e pode ser vista de muitas perspectivas. Sua contemplação já gerou muitas poesias, canções e também o título desse post. A mais de 500 anos atrás para muitas pessoas essa linha significava o desconhecido, muitos acreditavam que a linha era o fim, ou que simplesmente não existia nada além dela. Essas pessoas não tinham as ferramentas e o conhecimento para entender o significado daquela linha. A própria igreja por muito tempo recusava a permitir o pensamento de que a Terra era redonda e de que aquela linha era o limite entre a terra em que vivemos e de algo muito maior. Com o passar dos anos essa linha que limita o que entendemos e o “enigmático” foi mudando de posição, e claro, cada pessoa vai traçando a sua própria de acordo com suas crenças e experiências. Antes de que provassem que a terra era redonda, existiam evidências, mas muitos ainda achavam que a ideia era loucura. Hoje algumas experiências e teorias estão nos levando a acreditar pouco a pouco que o tempo e o espaço são relativos, que existem outras dimensões, vida após a morte, etc… Loucura! Né?(??) Mas acho que estou divagando… 
Voltando para quando eu estava olhando a linha do mar… Pois bem, olhei pra trás, por cima dos ombros e vi um punhado de altos prédios ficando para trás. Estava sentado em um barco e os prédios era Miami. A louca Miami. Fiquei hospedado em South Miami Beach um par de vezes durante essa estadia na Flórida e confesso que me diverti bastante. Até aprendi a dançar! Ou melhor, aprendi a fingir que sei dançar. Conheci e fiz amizades com pessoas do mundo todo e também encontrei com amigos(as) especiais. É uma cidade divertidíssima, mas que também me fez cansar. Não pelas festas, mas por estar dentro de uma redoma de ilusões, onde cada um tem que mostrar o melhor de si, não dentro de si, mas fora de si. Nos carros, nas roupas, na forma de caminhar e de mostrar “que” é… Eu também fiz minha parte. Eu tenho uma bicicleta bacana e fiz questão de mostrá-la no albergue. Me sentia o máximo descendo as escadas com ela dobrada, e na rua, em 15 segundos, deixava ela pronta pra uma pedalada na praia. E sim, pra algumas pessoas (poucas) eu contava que era piloto e estava pilotando um avião(zinho). 

Voltando ao barco… Para trás foi ficando toda essa muvuca e eu deixava a brisa do mar acariciar minha face (tá, na verdade era um vento frio me dando palmadas no corpo todo). Parecia ser a manhã mais fria da semana e devido ao processo de transformação que estaria me submetendo, tive que ficar por alguns segundos só de sunga. Um tempinho depois me sentia um monstro. Tive os pés “alongados” e quase não podia caminhar. O peso nas costas e no corpo era quase insuportável. Minha visão ficou limitada. E mie senti esmagado com a nova vestimenta. Acabei sendo “empurrado” no mar. Mas então, toda minha nova configuração fez sentido. Me senti mais leve e por incrível que pareça nem percebi o frio. A água estava mais quente que o ar de fora. Uma das razões por eu ser apaixonado por voar é que eu tenho a liberdade de me mover nas três dimensões, no ar. Mas dessa vez experimentei essa liberdade dentro da água. Me certifiquei como mergulhador esse final de semana, depois de fazer o curso em Miami, e já estive explorando o mar em Key Largo (uma das ilhas no sul da Flórida) e também em um navio naufragado perto de Miami. Mergulhar é explorar um novo mundo, bem diferente do que estamos acostumados, com novas cores, aparências, texturas, criaturas, mas o mais importante, te ensina a valorizar o ar respirado de cada dia. Lá embaixo a gente escuta o “glup, glup” da água, mas o mais nítido é som da nossa própria respiração. Temos que respirar fundo e de preferência devagar. E o ar que sugamos do tanque de oxigênio e expelimos vai fazendo sua melodia vital. Vi vários peixes coloridos, uma moreia assustadora e uma raia gigante. A regra mais importante no mergulho (scuba diving) é nunca prender a respiração para não trazer complicações aos pulmões. E manter sempre a calma, mesmo num encontro com um tubarão, ou na falta de oxigênio. A chance de sair vivo de uma situações dessas é altíssima – se manter a calma. Só no mergulho? Mais divagações em um outro capítulo.
Mais fotos? Clique aqui




6 Comentários à "Dreams fly when freed by the sea" Sonhos voam quando libertos pelo mar…

  1. Anonymous 01/02/2012 at 21:46 #

    GUST. AS FOTOS ESTAO LINDAS COMO SEMPRE, VOCE TEM ESCREVER UM LIVRO URGENTE PORQUE CADA HISTORIA QUE VC. CONTA A GENTE CONSEGUE MERGULHAR DENTRO DELA E VIAJAR COM VC. BEIJOS TIA ANDRÉA

    • Gustavo Junqueira 09/02/2012 at 05:42 #

      Ei Tia Andréa! Ter alguém mergulhando comigo nas histórias é um bom sinal de que eu posso um dia escrever um livro, né! Quem sabe?! Beijos!

  2. Anonymous 21/01/2012 at 20:53 #

    Gustavo – fantastic to meet you at the Hollywood Beach Hostel! What a great adventure! I look forward to your posts/ favorite places along the Brazilian Coast. – Elliot (from Texas)

    • Gustavo Junqueira 25/01/2012 at 16:57 #

      Hey Elliot! I’ll keep in mind to find your perfect season working place! Nice to meet you too!

  3. Zig 21/01/2012 at 12:27 #

    Ei Guu!! Que delícia o mergulho, meu irmão reclamou da mesma coisa, que teve um pouco de dificuldade de controlar a respiração. Quanto a Miami, achei a cidade legal, mas as pessoas fúteis. Na verdade é um estilo de vida que não seria para mim… mas vale a pena conhecer esse local. Boa viagem!

    • Gustavo Junqueira 21/01/2012 at 14:59 #

      Ei Zig! Mas a gente acostuma rapidinho a respirar. Não tem muito segredo! Valeu! 🙂

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