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Estar “presente” quando o ritmo da viagem está frenético

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A paisagem enquanto escrevia essas linhas. Korkula, Croacia

Por que quanto mais coisa se tem para escrever as vezes mais difícil é ver as palavras tomarem forma? Nas últimas 3 semanas desde que cheguei na Europa pelo aeroporto de Milão, foram raros os momentos em que pude sentar para escrever alguma coisa e os assuntos não faltam.

As dezenas de horas acumuladas caminhando em cidades italianas como Milão, Verona, Veneza e Trieste; na Eslovenia, as surpreendentes e lindas cidades de Ljubljana, Bled e Bohijin, seus alpes todos floridos para tirar o seu fôlego; as cachoeiras e lagos de cores impossíveis de Plivtice, com certeza geram muita coisa para compartilhar. Nesses lugares fora as dicas básicas para economizar na hospedagem, no transporte e na comida pode ser difícil sim colocar em palavras as formas e cores que os olhos vêem, ou os sons que escutamos dos diversos artistas de rua, as situações no mínimo cômicas quando tentamos comunicar com os croatas que não falam inglês. (Estou viajando sem computador dessa vez e estou atualizando fotos apenas no instagram: www.instagram.com/vagamundagem)

Mas não é mais difícil que uma coisa: Selecionar um lugar/assunto e falar sobre ele. Viajar no ritmo acelerado como estou viajando não é o meu preferido, mas não posso reclamar. Dessa vez estou pegando carona na viagem de um amigo, que conheci quando o hospedei pelo couchsurfing quando minha base era ainda na Flórida. Junto com seu outro amigo e um amigo meu da faculdade estamos explorando agora as ilhas croatas e aproveitando alguns dos cenários mais incríveis do mundo. Mas vendo tantas ilhas, praias e cidades lindas, sobre qual vou escrever?

Hoje tomei a difícil decisão de não acompanha-los em uma praia que supostamente é uma das mais bonitas da ilha onde estamos. Preferi ficar sozinho para escrever, trabalhar um pouco e atualizar o blog. Sentei em um banco na sombra de frente para o cais da cidade e por uns 30 minutos com o teclado no colo eu fiquei sem saber sobre o que escrever. Depois comecei a descrever o cais, com aquela água azul anil contrastando com a cidade medieval toda construída com blocos bege, a árvores floridas em harmonia com os arcos da muralha da cidade, os barcos que chegam e saem, as palmeiras balançando com o vento e as montanhas em degradê ao fundo para emoldurar a paisagem. Mas como acontece muitas vezes quando tento colocar em palavras um cenário, me senti um pouco bobo em descrever alguma coisa que, fora os três “behm” do sino da igreja que tocou agora as 12:45, é facilmente “fotografável”.

Por mais que eu viaje em um ritmo acelerado de vez em quando, tirando centenas de fotografias a cada hora, caminhando as vezes 10 horas no mesmo dia (com a mochila nas costas) os momentos mais especiais são esses mesmo. Quando paro para respirar e observar o movimento e o cenário de algum lugar. São momentos que muitas vezes estou sozinho e por mais que eu tenha uma fotografia para relembrar mais tarde, o que fica marcado é a sensação de estar completamente entregue ao momento presente, apenas observando, se possível sem pensar em mais nada. É como meditar, mas sem o compromisso de estar focado em uma coisa só como a respiração.

Em Verona por exemplo, onde cheguei no meio da tarde e tinha algumas horas para conhecer a cidade antes de encontrar com o meu anfitrião pelo couchsurfing, decidi subir com a mochila nas costas até o ponto mais alto da cidade. Cheguei no topo de uma colina, colocando os bofes para fora e fiquei ali por uns bons minutos descansando e apenas observando o que acontecia ali em cima: Uma pessoa desenhava o castelo construído ali no topo, alguns casais apenas curtiam o visual, outros tiravam alguns “selfies”, uma mãe falava para o filho não chegar muito na beirada do penhasco, um cachorro aproveitava a sombra com os olhos quase fechando enquanto um sanfonista dava uma trilha sonora ao lugar.

Logo depois chegava um ônibus daqueles com o teto aberto, cheio de turistas para interromper a paz e eu escutava uma voz quase mecânica anunciar no alto falante: “Fermata numero sei…” (parada número seis). Eu podia ficar ali continuando a observar o movimento e até minha reação raivosa com aqueles turistas, mas preferi seguir minha caminhada e observar outros cenários.

As vezes a paisagem não tem que ser tão especial como dessas cidades, mas a simples capacidade de parar, observar e se concentrar em uma situação corriqueira que acontece na frente dos seus olhos em qualquer momento do seu dia, pode ser a melhor maneira de se aquietar e se sentir em paz quando tudo parece estar acelerado. (E já acelrando… deixa eu terminar esse texto por aqui porque acabo de lembrar que ainda não subi na torre do sino aqui de korkula para a ver a cidade lá de cima e daqui a pouco tenho que encontrar os meus amigos para pegar o ferry que nos vai levar até Dubrovinik, cidade-cenário de Games of Thrones.)

E você, o que mais fica gravado na sua memória quando existem tantas coisas para ver e fazer em um limitado espaço de tempo? Você prefere deixar de conhecer algumas cidades para aproveitar melhor as outras?

ps. Estou preparando um logo para o vagamundagem. Você quer me ajudar a escolher qual logo tem mais a cara desse blog? É só selecionar o seu preferido nesse link. Se tiver sugestões pode deixar nos comentários aqui mesmo!

4 Comentários à Estar “presente” quando o ritmo da viagem está frenético

  1. Lucas 13/08/2014 at 15:03 #

    Maravilhosas essas fotos, Gusti! Me deu até vontade de pegar um avião agora e ir pra aí! Pessoalmente, uma das coisas que mais gosto quando passeio num lugar diferente é andar, caminhar pelas ruas, parques, descobrir a cidade como se fosse um explorador. E claro, ver, observar, contemplar… admirar a paisagem, a arquitetura, as pessoas, sentir a atmosfera diferente, ouvir os sons diferentes, cheiros, etc. E se possível, eu tento sempre passar em um restaurante diferente, pra poder conhecer também com gosto. Mesmo se não dá pra conhecer intelectualmente, eu tento conhecer/explorar o lugar os sentidos. É importante dar uma parada pra captar/assimilar toda essa informação sensorial, como você mesmo falou, se entregar ao momento presente. E é isso que fica pra mais tarde, esse amalgame de sensações que dão prazer de relembrar. No mais, não deixe de aproveitar a viajem ai!

    Abraços!

    • Gusti 25/08/2014 at 20:04 #

      Você parece ser como eu Lucas, poucas pessoas parecem contemplar esse prazeres tão simples quando viajam! Te desejo muitas viagens na vida! Você parece merecer! 🙂

      Abração!

  2. Juliana 11/08/2014 at 22:12 #

    Gusti!!

    Sabe que eu já pesnei mil vezes nisso?!!!
    Às vezes converso com pessoas que já viajaram muito…mas pouco conhecem dos lugares! Só….estiveram lá.
    Eu gosto de conhecer o lugar…estender os meus dias. Parar. Respirar. Olhar…apreciar.
    Talvez seja a minha alma romântica falando mais alto!
    Mas é como eu, e felizmente o meu marido, gostamos!!
    Boa viagem meu querido! Fica com Deus!!!
    ….. como sempre: excelente texto!
    :*

    • Gusti 13/08/2014 at 11:46 #

      Oi Ju!

      Pois é! Eu prefiro muito mais viajar com calma conhecendo e assim que eu tenho viajado mais ultimamente, mas eu quis deixar claro que mesmo quanod o ritmo é acelerado as vezes é bom parar para absorver uma paisagem ou conhecer gente…

      Beijos!

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