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Em Hong Kong quase mandei alguém tomar naquele lugar

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“Symphony of lights”. Show de luzes e som nos arranha-céus de Hong Kong

Ao contrário do que eu escrevi no texto de como fiquei milionário para viajar o mundo, nós não chegamos em Hong Kong de helicóptero, muito menos ficamos em um hotel 5 estrelas. Dessa vez recorremos ao airbnb para alugarmos um quarto pequeno, apertado e caro em um dos incontáveis arranha-céus da cidade. Hong Kong é uma cidade/país com altíssima densidade populacional, o que faz com que os metros quadrados necessários para você deitar e dormir seja um dos mais caros da Ásia e a tornou uma das cidades mais verticais do planeta. Como não buscamos couchsurfing por aqui nos contentamos em passar apenas duas noites para conhecer o “país”.

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Lago de carpas no centro da Chi Lin Nunnery. Um lugar de tranquilidade em meio aos prédios gigantes da cidade.

Hong Kong, apesar de figurar entre os primeiros índices de saúde financeira, qualidade de vida e desenvolvimento não é uma nação independente. Nas mãos da China desde 1997 quando foi retirado do controle britânico, é considerada uma região administrativa especial, assim como Macau. Isso significa que eles mantém uma certa autonomia da “terra-mãe” China, mas continua com os laços apertados. Uma vantagem para nós brasileiros é que Hong Kong é um dos lugares que você pode visitar e poder dizer que já foi à China sem precisar do visto, assim como Macau.

Apesar da modernidade das construções e do volume de asfalto e concreto eu me surpreendi com a quantidade e qualidade do verde na cidade. Para os viajantes pão-duros, como eu, a cidade tem vários parques, jardins, praia (sim, praia!) e muita área pública bem conservada para nos encantarmos de graça! Um deles é o jardim Nan Lian, que fica no meio da cidade. Aqui tem uma lista com as coisas para se fazer de graça por lá.

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Chi Lin Nunnery – Um imenso complexo de templos Budistas no meio da louca Hong Kong.

Outra atração gratuita é ver a “Sinfonia de Luzes” (Simphony of Lights) na Baía de Hong Kong. É um espetáculo com lasers, luzes e música à beira d’água que acontece toda noite e que aglomera turistas de todo o mundo. Vários prédios se iluminam e as cores mudam e dançam conforme a música. Apesar de mostrar o lado super moderno da cidade, a música me decepcionou bastante. Acho que dava para fazer uma coisa de arrepiar se a música fosse mais composta e a qualidade de som melhor.

Os chineses de Hong Kong (e de Macau também) são uma atração à parte. Aviso! Você está prestes a ler um comentário bem generalista e tendencioso – bem comum quando o turista não fica mais do que um par de dias no destino, como foi meu caso. Para começar os Hong Konguianos (é assim que escreve mesmo?) são chineses que se acham superiores ao resto da China. E essa superioridade pode passar a impressão de um povo mais rude e metido para quem visita por poucos dias. Essa mesma sensação eu tive em Macau, mas aqui eu tenho um caso para exemplificar, apesar de não ter tido um contato  maior com ninguém dessa vez a não ser o infeliz encontro com os vendedores das lojas de câmeras digitais. Nem mesmo conheci o dono do quarto em que nos hospedamos pelo airbnb, já que tínhamos acesso ao quarto com uma senha que ele mandou por e-mail. (Para que perder tempo né, nessa cidade que não pára?!)

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Hong Kong tem muita gente em todos os lugares! Esse é um metrô quase lotado (nem era hora de pico ainda). O bom é que mesmo lotado o transporte público é ainda eficiente.

Como a lente da minha câmera estava estragada comecei a procurar por uma substituta na cidade do comércio livre achando que eu faria um grande negócio. Na primeira loja que entrei perguntei o preço de três lentes e eu pedi o vendedor um pedaço de papel para eu anotar os preços e os modelos.

“Não tenho”, disse ele.

Eu achei que ele não tinha entendido que eu só queira um pedaço de papel, repeti devagar e ele foi categórico:

“Não vou te dar um pedaço de papel!”

“Por que?”, indaguei rindo achando que ele estivesse brincando. Com uma cara séria (eles não gostam de sorrir muito de qualquer forma) ele repetiu que não me daria o que eu queria e ainda me fez sentir um estúpido:

“Você não tem memória suficiente para guardar três preços? Precisa de um pedaço de papel?”

Sim, eu disse, “nem todo mundo é esperto como você… ridículo!” e saí com raiva da loja com vontade de mandar o vendedor para aquele lugar. O outro episódio aconteceu em uma outra loja onde acabei comprando a lente mas depois percebi que fui enganado no preço e quando voltei para reclamar do “equívoco” quem disse que eles fariam alguma coisa por mim? Quase que chamei a polícia, mas fui convencido de que não valeria à pena.

Em Macau, que está pertinho de Hong Kong, algumas experiências foram bem similares. Toda hora que  pedíamos uma informação, a maioria (ou pelo menos os que marcaram) quando respondiam dava impressão de que estávamos importunando, fazima sinal de “xô” com a mão para irmos ou fingiam não ouvir. (Tentamos perguntar em Português algumas vezes, uma língua oficial, mas só faltou rirem da gente).

Como eu disse ali em cima, é muito fácil para um turista ser preconceituoso e generalizar um povo pela sua experiência corrida e limitada. Culturas bem distintas da nossa requerem um tempo maior de interação para entendermos o lado deles não ficarmos com uma impressão ruim. As vezes é difícil visitar um lugar e não agir e se sentir como um turista comum. Eu tento sempre interagir, usar o couchsurfing, conhecer os locais, mas quando isso não acontece me resta essa visão limitada de uma cultura e seus povos.

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Pelas ruas de Hong Kong

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Templo Taoista mais famoso de Hong Kong – Wong Tai Sin Temple

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Sabe esses andaimes em volta do prédio? São feitos de bambu! Parece ser bem rudimentar mas é muito comum por toda China e Asia. Dizem que é até à prova de terremoto!

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Um dos templos Budistas na Chi Lin Nunnery.

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A cada 1 minuto chegava um novo trem na estação que se enchia em menos de 20 segundos. Eu já falei,né? Muita gente!

E você? Já teve experiências com locais rudes? Onde? Por quanto tempo você estava viajando?

8 Comentários à Em Hong Kong quase mandei alguém tomar naquele lugar

  1. Lucas 08/07/2014 at 13:15 #

    Acrescentando ao que o Felipe disse, na Coreia do Sul, o sinal de xo significa chamar alguém enquanto o nosso “chamar” com a mão é uma ofensa se usado pra pessoas pois só deve ser usado para animais… mas admito que seja muito tentador julgar e sair de Hong Kong pensando que são todos um bando de grosseiros. Eu mesmo provavelmente o faria, mesmo sabendo que não é certo, porque a gente também é humano… e ser maltratado (ou mesmo ter a impressão de) é algo que indigna muito! Eu vivi algo semelhante aqui no Canada, a única diferença é que não foram dois dias, mas dois anos! Me levou dois anos pra começar a entender o “quebeco” nativo em toda sua peculiaridade de ser (segundo o ponto de vista brasileiro) e passar a aceita-lo. Acho que já te dei vários exemplos de diferenças culturais em comentários passados, mas um que não me lembro de ter falado, é o fato de cumprimentar aqui (principalmente no interior) ser algo opcional, reservado a amigos de longa data ou a encontros pouco frequentes. É muito comum você entrar numa sala de aula e ninguém te cumprimentar, ou só a pessoa que está do seu lado SE ela for alguém com quem você conversa durante meses, é aberta e tem o habito de te cumprimentar! No inicio, eu achava isso uma grosseria! Pra dar um exemplo concreto, durante todo um semestre de uma certa aula, eu nunca (talvez uma vez) cumprimentei o cara que sentava do meu lado! Mas isso foi no ano passado, e já estava acostumado com isso. Esse cara era até bem legal, e as vezes a gente conversava, mas sem nunca começar uma conversar com “oi tudo bem?”. Hoje não me sinto mais ofendido por esse comportamento, mas ainda acho isso muito estranho!

    Aquele abraço!

    • Gusti 14/07/2014 at 19:48 #

      Poxa Lucas, uma coisa que eu sinto falta em cidade grande é falta (natural) de cumprimentos. Acontecer isso com quem ta do seu lado diariamente deve ser uma experiência bem esquisita. Mas eu me indago se nesses casos você tomar a iniciativa diariamente de cumprimentar as pessoas vão te achar estranho…?

      Um abraço!

      • Lucas 14/07/2014 at 21:14 #

        Certas pessoas acham realmente estranho, principalmente gente nova que nunca teve contato com outras culturas ou até gente mais madura mesmo que não são muito abertos ao estrangeiro. Mas admito que nunca tentei persistir e continuar cumprimentando certas pessoas. Geralmente, se eu sentia uma resistência ou um “estranhamento” da pessoa eu parava, porque eu não sabia se isso causava incomodo pra pessoa, se ela se sentia como se eu estivesse “impondo” esse meu habito cultural sobre ela… e no interior, essa questão da imposição de costumes culturais é um muito assunto sensível e já foi até razão de polêmica, é só pesquisar “reasonable accommodations Quebec” que você vai ver… e por essa razão, nunca quis forçar a barra, e preferi agir como eles, por medo também de ser rejeitado. Eu me pergunto também como reagiriam se eu continuasse…

        Mas enfim, agora aqui em Montreal é outra história! É cheio de canadense e outros estrangeiros que abrem aquele sorriso quando você fala que é do Brasil, e inclusive tem muita gente que simpatiza com a cultura brasileira, principalmente quanto a musica e dança, e se esforçam em aprender os nossos costumes… maravilha, né?

        Abração!

        • Gusti 22/07/2014 at 01:44 #

          É uma situação difícil mesmo! Tem que ir com jeitinho né! Fico feliz que esteja aproveitando e gostando de Montreal. Quando estive aí tive ótimas impressões!

          Abraço!

  2. Thales Coelho 08/07/2014 at 12:30 #

    Problemas para obter informações e a má vontade que as pessoas tinham para informar tive muito em Cuiabá! Viagem a trabalho, fui e voltei no mesmo dia, mas foram tão repetidas vezes de má vontade, bem semelhante ao que você disse dos Hong Konguianos, que a impressão que fiquei de Cuiabá foi essa.

    Abraços, Thales!

    • Gusti 14/07/2014 at 19:45 #

      Valeu pelo comentário Thales! 🙂 Volte sempre aqui no blog e boa sorte nas próximas vezes que for a Cuiabá! Abração!

  3. Felipe 08/07/2014 at 10:57 #

    No Nepal o sinal de “xô” que a gente usa no Brasil é na verdade um “vem cá”. Quem sabe em Macau e Hong Kong não é assim também e na verdade as pessoas queriam apenas que você chegasse mais perto delas haha? Mas em todo o caso é verdade o que você disse, quando você fica em um local por poucos dias e não tem contato com os locais, as poucas interações que vc tem acabam criando uma impressão generalizada mesmo. Da próxima vez ainda tem o Tibet como região administrativa especial da China pra você ver se a impressão muda né?

    • Gusti 14/07/2014 at 19:44 #

      Uhm até pensei sobre isso, mas era bem claro pelas expressões que queriam que fôssemos embora… Mas é sempre bom ficar atento né, Felipe! Pena que a China tomou o Tibet a força e tem destruído séculos de cultura naquele lado, acho que minha impressão vai ser ainda pior porque já vou com um preconceito! hehe

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