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O melhor roteiro para a sua próxima viagem

No post de hoje vou te levar para um país bem distante e com um nome bem exótico. Como em uma montanha russa você vai passar pelos altos e baixos, pelos encantos, pelos perigos, pelo real e pelo mágico e vai finalmente aprender como fazer o melhor roteiro de viagem. Preparado(a)?

Então, aperte o cinto de segurança!

Mas espere. A nossa viagem começa em Bangkok, na Tailândia e como um bom turista você provavelmente vai querer andar naquelas carrocinhas coloridas que em vez de um animal de quatro patas, um ser humano vai te puxando de uma moto ou de uma bicicleta. Ah, mas você já leu em algum lugar que os Tuk-tuk são na sua maioria comandados por um ser do mal que vai te cobrar no mínimo duas vezes mais do que um taxi te cobraria, certo? Bom trabalho!

Beleza, vamos então começar de táxi mesmo (com cor de rosa choque) e aperte o cinto. Cinto, mas cade o cinto? “Ehr Sir, where’s the seat belt?” O motorista responde: “สิ่งที่คุณต้องการได้หรือไม่?

??? Deixe o cinto para lá. Segure-se como pode!

Visão do passageiro em um táxi em Bangkok

Sua visão de dentro do táxi cor de rosa choque. O motorista ao seu lado direito te leva a Kao San Road. (Repare que o ônibus lá na frente também é cor de rosa)

O motorista está nos levando para Kao San Road. A rua mais famosa da Tailândia , como diz no guia que você leu, é como um tratamento de choque de boas vindas à nós, turistas. Ainda antes do táxi chegar você já pode sentir o cheiro. Uma mistura de fritura, curry vermelho, e camarões apimentados com sabor de manga. O táxi para, você pega sua mochila e paga o taxista e já hipnotizado pelo o que vê, você nem percebe que havia um zero a mais na nota do dinheiro (com o desenho do príncipe) com que você pagou o taxista. Oops.

É final da tarde de um dia de semana qualquer e você vê centenas de turistas loiros europeus tomando seus drinques em baldes coloridos nas mesas no meio da rua, se divertindo, gargalhando e tentando conversar mais alto do que as caixas de som dos bares que propagam suas músicas em todas as direções. Bangkok é conhecida como a cidade do neon e no meio daquelas luzes de todas as cores você tenta discernir o que realmente é real ali. O impulso de tomar o drinque do balde é uma tentadora forma de se colocar num estado que promete não necessariamente entender esse lugar, mas fazer parte dele.

Mas pare por um momento. Feche os olhos e escute você mesmo. O que você ouve é realmente um zunido com “diversos sons, músicas e berros que vêm de todas as direções”, como você já leu em algum lugar? Talvez o que você ouve é um bebê chorando no colo de uma mãe, que ao mesmo tempo, no meio da rua, está tentando te vender um espetinho de escorpião frito ou talvez nem mesma música você está ouvindo. Mas como pode não haver música em Kao San Road, a rua da festança? Simples: Um respeitado monge budista morreu bem na semana de sua visita e o príncipe desse reino decretou respeito. E silêncio. As possibilidades são infinitas (e isso realmente aconteceu na minha visita).

Abra os olhos agora. Entre as luzes fortes de neon você tenta encontrar agora alguma coisa para comer, mas olha só, bem a sua frente, a mulher com o bebê no colo ainda tenta te vender o escorpião. Ainda que não haja álcool no seu sangue o suficiente, você considera a possibilidade apenas para poder colocar uma foto no facebook que vai bombar de curtidas e comentários. Vale à pena? A decisão é sua.

Está ainda aqui comigo? Pois bem, vou deixar que você viaje sozinho agora, por conta própria. Mas já? Sim. Sei que morar três meses na Tailândia me coloca numa posição de expert para poder te falar o que fazer, ver e comer, mas independente das dicas que eu te der, a melhor experiência que você pode viver na Tailândia ou em qualquer país é a sua própria.

Lembre-se disso!

Deixe se levar pelos acontecimentos inesperados do caminho. Não limite sua viagem a um roteiro fixo ou pelo o que você ouviu falar. Esse blog, como muitos outros e as revistas e programas de viagem (que nem sempre são sinceros), é o reflexo de apenas uma visão, uma única possibilidade e uma única perspectiva de alguns lugares no mundo.

O melhor guia que você pode levar para uma viagem é uma folha em branco. Assim você lembra que a viagem é sua e não há nenhuma experiência melhor para você do que aquela que você vai viver com os seus próprios meios. Quando você começar a viajar, use a folha para escrever a sua jornada com suas lições e as suas próprias conclusões. Peça conselhos pelo caminho, converse com “estranhos”, com o velhinho da praça, com a senhora que te encara no ônibus. Pergunte qual o lugar favorito deles e descubra talvez um lugar que você realmente não esperava conhecer.

Pergunte-se: Por que viajar?

Eu viajo não para ir a lugar algum, mas para ir. Eu viajo pelo propósito de viajar. A grande sedução é se mover

Robert Louis Stevenson

A maioria de nós quer viajar apenas para descansar, para esquecer da muvuca diária, das preocupações, se livrar da rotina, e para isso nada melhor do que ficar morcegando na praia, tomando uma cervejinha. Não há nada de errado com isso, é uma necessidade. Mas quando nos dispomos a conhecer um lugar novo, as vezes até um país diferente, talvez o que queremos é ver alguma coisa grandiosa, um lugar belo. E lá no fundo a gente espera por um encontro ou uma experiência que nos faça sentir algo diferente que nem sabemos o que é.

Na verdade você nem precisa ter respostas para o por quê viajar, já que é no caminho que você vai encontrá-las. Não ter um roteiro fixo, engessado, te propele a descobrir os segredos da espontaneidade que te levam às novas amizades e aventuras e talvez seguir seus novos amigos para um lugar que você nunca ouviu falar. No retiro de meditação por exemplo, frequentemente eu comia na mesma mesa com as mesmas pessoas. Como não tínhamos a permissão para conversar, só fui descobrir no último dia, que um deles era da Rússia e junto com seu amigo e outra russa, estavam indo para a ilha da famosa festa da Lua Cheia (full moon party). Fizemos amizade e acabamos os acompanhando para uma curta estadia na ilha. Mas os “curtos” dias passaram rápido e como ali estava bom e barato, decidimos ficar mais e o que era pra ser uma semana acabou virando mais de dois meses! Não há dúvidas de que viajar com a cabeça aberta e pronto para o inesperado vai fazer sua viagem valer muito mais a pena.

Não se iluda, planejamento do roteiro é importante.

Um bom viajante não tem planos fixos e não tem a intenção de chegar.”

Essa frase de Lao Zi, serve mais para os viajantes sabáticos ou perpétuos. Quanto menos experiência e/ou tempo e/ou dinheiro você dispõe para uma viagem, mais você deveria se preparar e planejar. Na verdade para mim, a viagem começava em casa quando eu passava horas riscando mapas, calendário, verificando possibilidades e procurando pelos melhores preços de passagens aéreas. Você não apenas economiza muito dinheiro, como te da um sentimento de segurança e confiança para poder desbravar. Eu já usei muito o couchsurfing em vários países para me hospedar de graça, por exemplo, mas o lado negativo é que eu tenho que planejar mais do que eu gostaria, já que não é certo falar para seu anfitrião que você vai chegar em um dia mas acaba chegando três dias depois.

Se você se hospeda em hotéis, muitas vezes você consegue economizar reservando com antecedência, mas isso não é uma regra e ultimamente eu tenho visto mais o oposto para falar a verdade. Tudo depende da época e do destino. Se você vai viajar em temporada alta e por poucos dias, sua melhor alternativa é reservar o mais cedo possível.

Caso contrário, deixe que o improviso modele sua jornada. Se informe, saiba das opções, das alternativas, das praias favoritas do Gustavo, da Maria, do Lonely Planet, mas se permita descobrir a sua melhor praia, ou sua experiência favorita! Deixe a viagem te levar.

Pronto para viajar da SUA forma, do SEU jeito?

(Mas não perca, em breve nesse blog, “Os lugares imperdíveis da Tailândia”, haha)

E você, como faz o seu roteiro e como planeja ou está planejando a sua viagem?

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9 Comentários à O melhor roteiro para a sua próxima viagem

  1. Adriano 29/04/2015 at 22:21 #

    Acho que é igual vc falou mesmo, um planejamento geral menos específico é essencial pra evitar gastar muito ou até mesmo sair com mais segurança tal…sem falar que quem deixa o vento levar e viaja totalmente sem planejamento pode acabar perdendo a oportunidade d conhecer algo interessantíssimo q ele.passou perto e não sabia. Eu penso q o.lance é planejar deixando sempre uma “brecha”pra tmb não ficar muito.preso bo.roteiro.

    • Gusti 30/04/2015 at 13:27 #

      Isso aí Adriano! Espero que aproveite sua viagem pela Europa. Um abração!

  2. Juli 18/03/2014 at 11:59 #

    Se perder é se encontrar! Gostei muito do texto.. 🙂 Precisamos estar aberto ao desconhecido, não é..

    • Gusti 19/03/2014 at 11:37 #

      Exatamente Juli,

      Quando mais aberto você viaja, mais você aproveita e mais você aprende!

      Um abraço!

  3. Lucas 06/02/2014 at 14:30 #

    Falando em planejamento, isso me faz lembrar de uma série de vídeos que eu vi sobre uns aventureiros noruegueses que cruzaram o Líbano a pé, com pouquíssimo dinheiro e sem ter mesmo mapa! É uma jornada muito interessante, e dá pra aprender muita coisa! Aqui o link pra quem quiser dar uma olhada: http://www.youtube.com/watch?v=jfTSqcdCSRM

    • Lucas 07/02/2014 at 01:15 #

      Esqueci de comentar que esse é um exemplo de planejamento praticamente inexistente, conveniente pra quem é despreocupado, o que não é o caso de todo mundo. Acho que o nível de planejamento necessário depende de quanto o viajante quer ter o controle da própria viajem, ou do que ele espera dela. Pra quem prefere deixar vento levar, essa frase de Lao Zi se aplica bem…

      • Gusti 07/02/2014 at 01:58 #

        Lucas,

        Mas o problema é que esse controle muitas vezes é superficial. É como a vida, achamos que temos controle de alguma coisa e quando nosso chão desaba, ficamos chupando o dedo. É por isso que tanta gente viaja e se decepciona com algum lugar ou não têm tantas experiências positivas, elas se amarram numa expectativa que na maioria das vezes não tem fundamento e acaba deixando oportunidades passarem. Mas você está certo, viajar como Lao Zi aconselha é muito difícil, eu mesmo não conseguiria viajar deixando apenas o “vento” me levar, mas é bom procurar um balanço e estar preparado para os improvisos.

    • Gusti 07/02/2014 at 01:44 #

      Lucas, fiquei curioso para ver esses vídeos agora, mas a net aqui não ajuda, rsrs Valeu pela dica!

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  1. Viajar o mundo não é mais uma aventura - Estevam Pelo Mundo - 15/10/2015

    […] Se aventurar portanto, é estar aberto para o inesperado, se entregar de corpo e alma para o imprevisível. Aventura é não saber o próximo passo, a próxima cidade, onde você vai dormir na noite seguinte, quem você vai encontrar. E baseado nisso escrevi aqui o “melhor roteiro para sua próxima viagem”. […]

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