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Quando até cortar o cabelo vira uma aventura

Quando se vive viajando, as principais atrações nem sempre são as vistas espetaculares de um lugar. Cada vez mais me surpreendo nos acontecimentos do dia-a-dia e nos desafios do que “em casa” seria uma coisa banal, como… sair para cortar o cabelo.

Em um salão de beleza na Tailândia com a cabeleireira que corto meu cabelo.

A primeira vez que eu fui para os EUA, depois de tanto falarem na minha orelha que meu cabelo estava horroroso, permiti que uma amiga (que nunca tinha cortado um cabelo antes) desse um jeito na minha juba. O resultado não foi dos melhores, mas pelo menos evitei o preço absurdo que cobram para fazer esse serviço por lá.

Cada vez que sento na cadeira de um salão em algum lugar do mundo eu quase sempre volto com lembranças interessantes. Na Tailândia por exemplo, a cabeleireira achou um fio de cabelo branco na minha cabeça e começou a rir… E rir e rir um pouco mais. “Cabelo branco!” pareciam as únicas palavras que ela sabia falar em inglês. Mas eu me envolvi com sua simpatia e no final do corte parecíamos amigos de longa data.

Nem sempre é possível bater um papo pelas diferenças de idioma, mas quando a gente fala a mesma língua acho sempre curioso o descaramento com que fazem perguntas como: “Quanto você ganha por mês?” Eu não ligo e acho até bom poder conversar. Uma vez, nos meus primeiros dias de escola de italiano em Florença fui para um cabeleireiro, ansioso para por meu italiano em prática, mas saí decepcionado. O cara cortou meu cabelo todo sem falar um “A”! Eu lembro de até tentar puxar conversa perguntando coisas do tipo: “Você nasceu aqui?” e ele só respondia com um “umhum”. Como os italianos falam muito com as mãos, talvez ter as mãos ocupadas na tesoura impediu que ele conversasse comigo. Vai saber!

Algumas semanas atrás, fui experimentar cortar o cabelo em Bali, na Indonésia. Quando eu entrei no salão e perguntei o preço, logo ficou claro que o cara não falava inglês. Recorri a minha avançadíssima técnica de sinais e esfregando meu polegar no meu dedo indicador, ele escreveu a resposta em um papel: 35 mil rúpias (+- 6 reais). Como eu já tinha me informado antes, logo percebi que o preço estava inflacionando por eu ser turista. O preço normal é geralmente 10 mil Rúpias (2 reais), mas me permiti essa “extravagância”, afinal de contas o salão tinha ar condicionado e o calor lá fora estava intenso.

Como habitual ele me manda sentar na cadeira e já  estava pensando em quais sinais usar para mostrá-lo como eu queria que cortasse meu cabelo. Antes de mais nada ele pega a máquina e começa a cortar. Assim, sem me perguntar nada! Achei o máximo até porque, eu nunca sei na verdade, como eu quero o meu corte de cabelo e deixei ele fazer a arte. Corta daqui, corta dali eu só via aqueles pedaços enormes de cabelo caindo no chão e quando eu me dei conta já estava quase ficando careca quando com um polegar para cima eu disse, “assim já está ótimo”.

Na hora de lavar a cabeça ele começa a fazer pressão com tanta força no meu crânio que eu comecei a assustar. Será que aquilo era normal? É assim que se lava cabelo por aqui? Depois do espreme-espreme ele me leva de volta para a cadeira, tira algumas pontas de cabelo soltas, põe uma gororoba no meu cabelo e começa aquela esfregação de novo.  Meio que sem graça eu não sabia para onde olhar, ele aplicava tanta força no meu couro cabeludo que meus olhos e sobrancelhas ficavam destorcidos e eu não queria olhar no espelho na direção do Rafael, sentado lá trás perto do que parecia a dona do lugar, porque eu sabia que a gente iria disparar em risos. Aquilo continuou no pescoço e nos ombros e embora eu não seja muito chegado em massagem tenho que confessar que me fez até sentir bem. Ainda não sei se isso faz parte de todos cortes de cabelo por lá, mas talvez isso explique porque o preço estava tão “caro”.

Pense numa atividade que seja corriqueira no seu dia-a-dia, como atravessar a rua, comprar pão na padaria, pegar um ônibus, dirigir. Para cada lugar novo que você conhece você vai ver que nem sempre tudo isso é tão fácil, mas ser desafiado para essas coisas banais é uma forma de se renovar e viver cada dia com intensidade.

Se você ainda não ouviu, use um fone de ouvido, aumente o volume, clique nesse link do youtube e feche os olhos. Ainda que você não entenda inglês vai sentir que alguém está cortando o seu cabelo!

E você, já passou por situações parecidas?

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2 Comentários à Quando até cortar o cabelo vira uma aventura

  1. Lucas 13/03/2014 at 19:27 #

    Interessante essa técnica ai, eles não só cortam o cabelo como também te fazem uma massagem no crânio! Infelizmente, nunca vivi uma situação semelhante pois corto cabelo eu mesmo… mas agora, na próxima vez que for viajar, farei questão de ir cortar cabelo só pela experiência cultural!

    • Gusti 14/03/2014 at 10:14 #

      Se for na Indonésia deve valer a pena, viu Lucas. Mas eu to precisando mesmo é aprender a fazer self service como você!
      Abraço!

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