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Tinha um vulcão no meio do caminho (e outro, e mais outro, e…) Voo solo de Reno a Seattle

Com a corrida aérea cancelada, passei o sábado pedalando pela cidade que se intitula: “A maior pequena cidade do mundo”. Reno é outra cidade de Nevada famosa pelos cassinos, mas o que eu curti mesmo foi ver os moradores ao redor do limpíssimo rio que passa pela cidade. Margeado por gramas bem cortadas, jardins bem cuidados, a atividade por ali era intensa. Jovens se divertindo, famílias brincando com seus cachorros, velhinhos refletindo na vida e eu, me esforçando para esquecer a tragédia que presenciei no dia anterior. Foi um lindo dia de sol, assim como foi o dia seguinte nos estados de Nevada, Califórnia e a parte sul de Oregon por onde voei. 
Como eu estava de bicicleta e o aeroporto de Reno-Tahoe era gigante levei bem uma hora para ter acesso ao cessninha. Imagina a cena:  Um moleque descabelado (no caso, eu) com uma grande mochila surrada nas costas, pedalando uma bicicleta tentando convencer os seguranças que eu tinha um avião dentro daquele aeroporto. Um bom tempo depois estava decolando e logo sobrevoando o aeroporto onde aconteceu a corrida aérea. 
Por cinco horas voei por grandes aéreas completamente inabitadas, principalmente nas altas elevações das montanhas rochosas. Ainda assim me surpreendi vendo uma casa no topo de uma montanha literalmente no meio do nada, e logo depois grandes áreas com vários sinais de atividades vulcânicas. É incrível poder reconhecer lá de cima os lugares por onde escorre as lavas dos vulcões. Às vezes parecia uma enorme calda de borracha. 
Um cenário surpreendente é um magnifico lago na caldeira de um vulcão. O azul da água é tão intenso que um dia foi chamado “Azul Profundo” e também de “Majestade”, mas hoje seu nome é simplesmente: Crater Lake, ou “Lago da Cratera”. Segundo o que li, apesar de sua água ser trocada apenas por evaporação a cada 250 anos (não tem nenhuma saída ou entrada de água) é considerada uma das águas de lago mais puras do mundo. Se não estivesse tão alto, e fosse tão fundo (é o lago mais profundo dos EUA) e não parecesse tão frio dava até vontade de nadar por ali. 
Segui o voo com a visão de vários outros vulcões (foram uns seis no total) até pousar na cidade de Eugene, em Oregon, para abastecer o avião e checar a previsão do tempo, que não era nada boa. Torci para que fosse apenas um erro dos meteorologistas, e segui meu voo por mais uma hora e meia quando me vi pouco a pouco descendo de 6500 pés para 2500 para me ver livre das nuvens, até que elas começaram a me intimidar e eu decidi pousar em Portland, cidade que sou apaixonado. Para quem não sabe voar por regras de voo visual não permite voar perto/dentro de nuvens, além de ser bastante perigoso.

No dia seguinte segui para Seattle num dia lindo com nuvens “sabor algodão-doce”. Na aproximação para o movimentadíssimo aeroporto da Boeing, fui sendo desviado de várias aeronaves. Autorizado para pouso na terceira posição (seguindo dois aviões), me posicionei 200 pés abaixo do circuito de tráfego padrão para garantir que estava livre do espaço aéreo “bravo” do outro aeroporto internacional de Seattle, Sea-Tac, e já na perna do vento, o controlador ainda me pede para fazer uma aproximação curta, já que vinha um Boeing 747-8 (o maior Boeing do mundo) para pouso atrás de mim, na posição 4! Já na (reta) final a torre ainda me avisa para ter cuidado com o helicóptero que se movimentava a minha frente. Garantir meu lugar nesse desafiante espaço aéreo já me fez suar litros nos meus primeiros voos solos naquele aeroporto, mas dessa vez pousei com um sorriso na cara apenas pensando: “De volta ao lar”…(Por mais um mês?)
Me apressei para dar espaço ao gigante (747-8) atrás de mim, pegar a câmera e registrar seu pouso. Mais fotos aqui.

5 Comentários à Tinha um vulcão no meio do caminho (e outro, e mais outro, e…) Voo solo de Reno a Seattle

  1. Gustavo Junqueira 20/10/2011 at 18:02 #

    Olá Antônio. Acabo de voltar a Seattle, dessa vez para uma estadia mais rápida. Sim, meu clube, Wings Aloft, fica no Boeing Field, quando der da uma passada aqui, meu e-mail: gucanti@gmail.com
    []s
    Gustavo

  2. Antonio 01/10/2011 at 01:06 #

    Olá Gustavo,

    meu nome é Antonio e atualmente moro em Kirkland, WA. Encontrei seu blog por acaso enquanto procurava sites relacionados à aviação, e vôos entre Brasil e EUA.

    Você mora na região de Seattle? Seu clube fica no KBFI?

    []s
    Antonio.

  3. Gustavo Junqueira 22/09/2011 at 02:54 #

    E num era pra levar? Levei e ainda levo serissimo! 🙂 Saudades de vc Ilma! Obrigado pelos valiosos conselhos!
    Felipe, o crater lake ja tava na minha lista de lugares a conhecer, mas so fui aprender os detalhes depois de me impressionar vendo ao vivo…

  4. Felipe 21/09/2011 at 18:54 #

    como os seguranças iam acreditar que esse menino todo mulambento tinha um avião né? hahaha. Já sabia do crater lake ou voou por ele e foi procurar as informações depois?

  5. Anonymous 20/09/2011 at 18:41 #

    ola gustavo ainda bem q voçe levou a serio o q eu lhe disse nunca desista dos seus sonhos um gde abraço ilma

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